terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Livros e imagens, reflexões e meditações. Biblioterapia e ecologia.

Uma estante de livros é como uma arca com pão, uma escada para o céu, um barco no Oceano, uma vela na Noite, o Amor a arder no coração...

Estendes a mão, praticas o Istikhara persa (concentração invocadora de um autor sagrado e do Divino, antes de se abrir numa página ao acaso mas que será a certa), recebes uma mensagem, continuas a ler, dialogas ou anotas, e depois meditas e comungas com os autores e as forças ou seres ligados a eles, ou sentes mesmo a Unidade Divina, o Logos, nossa Dona Alma do Mundo, santa ou hagia Sophia....
Assim, no convívio com os livros, a tua alma expande-se, fortifica-se e irradia para onde tiver que ser, religando seres, ideias, energias e mundos...
Por isso sempre se disse que o Amor é Cego, isto é,  Universal, acima das limitações e das personalidades, unindo o opostos nas complementaridades que convergem para a Verdade e manifestam a Unidade...
A alma de cada ser é um livro, cujas páginas vão sendo escritas dia após dia, ano após ano e, do que se viveu ou sonhou, delas se desprendem energias em ondas ou partículas que atravessam as pessoas e ambientes, a terra e o céu, gerando efeitos mais ou menos luminosos, harmonizadores ou libertadores, vistos por algumas almas mais clarividentes como multicoloridas flores e paisagens, borboletas e aves...
Conseguires diariamente (o diariozinho...) ter contribuído com linhas valiosas, com momentos de comunhão com os outros ou com o Cosmos, escrevendo mesmo em sintonia com o Logos, a Inteligência escritora do Universo, é certamente um dos objectivos da vida de cada um de nós, participantes na grande aventura da história da Humanidade na Terra...
Amarmos e preservarmos a Natureza, desenvolvermos a agricultura biológica, tendermos para o vegetarianismo, o naturismo, a ecologia, as comunidades coesas familiares ou grupais, a não-violência, a não alienação clubista ou partidária, a espiritualidade experiencial e universalista são certamente orientações que Gaia, ou a entidade da Terra, e os seus múltiplos e infinitos seres e espíritos subtis, agradecem.
A nossa pegada na Terra não será então pesada mas sim leve, talvez mesmo como a das aves que se elevam da terra e voam luminosamente, símbolos do Espírito subtil e livre, como entre nós um grupo de almas bem luminosas, ou aspirando qual águia ao Sol, onde se destacariam Leonardo Coimbra, Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortezão, Teixeira Rego, Sant'Anna Dionísio e Agostinho da Silva,  criou numa revista no começo do séc. XX.
 
Seja pois a tua vida de trabalho um testemunho de boa e compenetrada consciência em acção, e a tua escrita diária um registo ora poético ora filosófico das compreensões, intuições e comunhões que vais conseguindo e, certamente, quando chegar a hora da partida a tua alma desprender-se-á muito luminosamente para boas paragens, ou elevadas, deste Cosmos infinito de origem Divina, e louvada e adorada seja ele

A passagem do tempo no corpo, ainda que lenta, vai dando os seus sinais,  o mesmo se passando no amor e no conhecimento, ou seja, na alma e, portanto, antes chegar a hora de partires da Terra faz o que gostarias de fazer, ama ou apoia os seres de quem mais gostas e lê os livros e autores que desejas conhecer e comungar, escreve as tuas mensagens, para que entres serenamente e em amor grato na dita Eternidade, ou seja, nos mundos subtis e espirituais conforme o teu merecimento, e com as ideias, os livros e os escritos florescidos em ti e nos que te lerem ou ouvirem...



Writing and reading is almost a universal duty of everyone, and from this creative ondulation of potentials flourishes the wisdom of the sages and elders, who are less engrossed in the illusions and limitations of body and society, and more stabilized in the awareness of the Spirit, also called Tawid, the Unity of God...
So, use well your time and your heart since your birth, don't loose it in gossip or seeing what is not important and truth...
Be a man or woman of Love, a writer, a worker, an artist of beauty and wisdom in the subtle and great Cosmos....
                                                               
                                        O grande poeta persa Hafiz. Fotografia tirada em Teerão...
Arde no amor, compreende o Logos em tudo e transmite-o ou dialoga-o artisticamente, sabiamente, libertadoramente...

sábado, 17 de janeiro de 2015

Portal de Simetria. Symmetry's Portal, de Margarida Sardinha. Centro Ismaili. Janeiro 2015

               No Centro Ismaili, de Lisboa, centro de confluência das melhores tradições de cultura e arte sagrada, religião e espiritualidade, quer nos materiais, formas e simetrias, quer nas intenções e realizações, símbolos e orientações, ecumenismo e adoração, encontra-se agora presente a exposição "Portal de Simetria", "Symmetry's Portal", de Margarida Sardinha, contendo um filme de geometrias animadas e 19 trabalhos fotográficos, a partir de fotografias digitais das riquezas estéticas e sacralizantes do palácio e jardins de Alhambra, ponto máximo da arquitectura islâmica na Península Ibérica, no Al Andaluz medieval ecuménico.
Convergem então para esta exposição reforçadamente vários filões entretecidos no tempo e que são ampliados e cristalizados em mil fulgurâncias de simetrias regulares e poliédricas, em cuja compreensão e manejo Margarida Sardinha é uma mestra, lídima sucessora de toda a tradição dos artesões e mestres de oficinas que, ao longo dos séculos, mantiveram com uma continuidade notável a arte geométrica, simples e perfeita, do Islão.
De 15 de Janeiro a 15 de Fevereiro poderá desfrutar desta valiosa exposição, que apela à nossa contemplação sentida e demorada, para que os arquétipos e poliedros geométricos, reagindo com os conteúdos psíquicos ou anímicos nossos, accionem as compreensões e sentimentos,  intuições e clarificações que nos impulsionarão mais luminosamente no Caminho e nos abrirão mais ao espírito e ao Divino.
Como já escrevera um texto para a exposição anterior (noutro post do blogue) e que foi publicado também na brochura desta exposição no Centro Ismaili (grato...), eis uma breve e poetico-espiritual revisitação de alguns dos excelentes trabalhos da Margarida Sardinha, a quem fazemos votos para que continue na senda da Beleza e da Verdade do Cosmos e dos Atributos Divinos...
Alida Akbarali, curadora do centro Ismaili,  e Margarida Sardinha... 
Parte da assistência
Margarida Sardinha justifica a sua exposição como artista, estudiosa das religiões comparadas e amante maravilhada da Alhambra, em cujos mosaicos, tal como nos templos Egípcios, e apenas neles, se encontram  os 17  modos ou formas possíveis de talhar a simetria no plano...
Trabalhos assentes em formas geométricas especiais, feitas meticulosamente pela Margarida Sardinha, a partir das fotografias de Alhambra, transportam-nos para os mundos da geometria sagrada subjacentes ao ordenamento do Cosmos pela sabedoria Divina, e impulsionam-nos na demanda da face luminosa,  que é testemunha de Deus, Shahadi, tão desenvolvida pelos filósofos místicos e sufis Persas e Islâmicos...
Caminharmos ao longo da vida cada vez mais para o centro divino, para a libertação da ignorância e do sofrimento, sempre foi a meta convergente, a qiblah, dos peregrinos e peregrinas, ou amantes, da Divindade, seja para Meca e a Ka'ba na peregrinação, seja para a gruta e pedra filosofal do coração (del) na oração-meditação...
Fazer do coração (del) templo, polir as arestas da personalidade, sempre tão oscilantes ou enovoadas, para que elas acolham e reflictam a Luz, o Amor e a Benção Divina, é certamente o alvo ou direcção, qiblah, da arte, da religião, da espiritualidade...
"O que está em cima é como o que está baixo, para se fazer o milagre da Unidade", afirmaram os herméticos de Alexandria, então cadinho de civilizações... Feliz daquele que está  consciente da beleza e profundidade tanto do mundo físico como do espiritual e os une no seu olho e coração subtil e luminoso e os vive na grande alma do mundo entretecida por infinitas ondas e partículas, cordas e arcadas, nós e almas, graça e plenitude...
A vida é como um jogo da glória, um labirinto ou uma circunvalação (tawaf) e deves conservar um fio de prata que te oriente e axialize, ou que ligue com os que já chegaram ou estão no Centro, e então atravessarás mesmo as falésias e fracturas mais difíceis, ondulando  nas vibrações rítmicas e purificadoras e chegarás ou sentirás mesmo o centro, pilar ou eixo (Qutb) de ti mesmo e logo do mundo Angélico e Divino...
A contemplação das formas e essências perfeitas nos seres e nos mundos subtis e arquétipos exige uma vida ordenada, ou seja, que tu Microcomos estejas em harmonia como o Macrocosmos. Então acederás à taça do Graal (jam-e-jam) ou comunhão do Centro, do Coração, Del...
Do  centro e do Espírito, Ruh, e das mil refrações dos Atributos Divinos nas arcadas da manifestação e nos seres... Participa criativamente e harmoniosamente...
"Multiuniverso da mente", ou seja, embora coexistindo múltiplos universos paralelos ou emaranhados um nos outros, tudo o que é visto depende da nossa perspectiva, pois o observador, ainda que limitado, influencia  o que é observado. E podes ainda estares consciente de estares a ser observado, visto ou mesmo amado de cima ou de dentro...
A nossa maneira e capacidade de ver é muito limitada e portanto ir levantando os véus da natureza, discriminando a essência da mutabilidade, abrindo o olho espiritual, intensificando a universalidade e a divindade no coração é essencial...
Rasga as tuas limitações e dependências, serena a mente.... Sê...
"A escuridão dos nós", ou como são muito subtis os laços que vamos tecendo e em que estamos entretecidos, uma verdadeira teia de inter-conectividades que ora se revela ora se oculta em múltiplas formas e sentimentos, planos e estados de ser, deixando vir ao de cima a Luz e a Presença da Unidade Divina (Tawid)...
Escolhe então bem os teus nós, com quem te ligas e ao que aspiras e o Divino brilhará mais em ti...
Qual Ka'ba, o cubo milenário, contendo o meteorito negro do céu, cada cubo, como forma perfeita do quaternário, contém todas as cores e planos e pode desdobrá-los e fazer-nos entrar ora em ondas ora  em coalescências particulares, eus, momentos, padrões... E é a mente e alma que se apreendem fluindo em diversos planos e estações (makamat), apelando e tendendo ao Divino de onde vieram...
"A relatividade da Luz"...  A Graça divina ou espiritual para brilhar em nós tem de encontrar uma face limpa, que espelhe a Luz (Nur), na cor, iridiscência e frequência individual e que a cada um compete cultivar, com Sabedoria (Hikma) e Amor (Ishq)...
Seres de múltiplas facetas, milhões de átomos anímicos, sombras e luzes, linhas e formas, um emaranhamento belo e imenso na Unidade Divina, Wahdat al-Wajud...
Cada espírito (ruh) é lançado na roda da vida e em ziz-zague ou esforço da demanda aproxima-se mais ou menos do centro dela e de si mesmo, entrando em dimensões superiores, em estados ou estações (makamat) mais luminosos, no espaço infinito e perfeito da Seidade Divina...
"Ponto de Origem": procurar de onde vieste e para onde vais, é uma pergunta ou enigma que a todo o momento nos interpela e impulsiona para sabermos manter seja as melhores formas e faces, seja as mais clarificadoras ondulações, intenções e ligações, seja finalmente o Islão, que é fidelidade, abandono, submissão, união com o Ser Divino...
"A Progressão do Amor", ou no emaranhamento da vida, a estrela que inspira os caminhantes e que de quando em quando se revela na interioridade profunda, ou na mais elevada abóbada, alegrando-nos, iluminando-nos...
A estrela do Espírito, Ruh, é verdadeiramente a fonte do Amor (Ishq) em nós, a centelha espiritual de origem Divina, mas poucos a conseguem ver e ser, ainda que semi-conscientemente a sintam reverberar, mesmo que apenas nos padrões repetitivos da arte, e a sigam ou levem por um fio ou corda fractal...
Tu no teu coração.... Thou in thy heart, sir-e-sir, the secret of the secret, to be the star of the Spirit (ruh), in communion with the One in all, Wahdat al-Wajud...
Contempla-me,  medita, concentra-te bem fundo, ora e aspira, sê a estrela luminosa de cinco pontas. axializando-se no Divino...
"Coração desconhecido"... Sir-e-Sir é o nome dado pelos místicos Persas, Shias e Ismailis ao nível do coração (del) mais desconhecido, íntimo e Divino, o "Segredo do segredo"...

"Multiverso do som!... Wahi, a Divina revelação, a partir do "Kun", "Seja, faça-se", reverbera por todo o universo e chega-nos até aos ouvidos, olhos e corações nas ondas e partículas, sons e cantos,  inspirações e visões...
"Singularidade do espelho"...  Cada ser na sua singularidade é um espelho único da Divindade e nesta similitude vivida, em que O pode reflectir, testemunhar e manifestar, é verdadeiramente Divino... Daqui os cantos de amor que ecoam dos espíritos humanos pelo Amor e a Beleza da sua Fonte ou Origem...
Cada forma e ser abre-se sobre múltiplos planos.. Feliz  quem sabe penetrar harmoniosamente na interioridade deles e compreender a Inteligência ou Logos cósmico e sentir a beatitude da Unidade Divina, Wahdat...
No coração puro e transparente, nu e espelho sem poeiras nem véus, poderás ver reflectirem-se os mistérios dos mundo subtis e dos seres celestiais, e os atributos Divinos...
Toda a repetição dos padrões e dos sons ou orações visa harmonizar a tua dispersão mental e intensificar o teu olho espiritual, aquele que vê as formas sagradas e suas transmutações, ou a Luz divina...
"A órbita do Ovo cósmico"... Dos raios do teu coração e das bênçãos dos guias, Imams e Profetas obterás a Luz (Nur) para te aventurares ou adentrares na compreensão das origens e destinos e logo na navegação rítmica e harmoniosa no Cosmos estelar do Ser Divino, que subjaz e plenifica a vida terrena, sombra da Sua Luz e Presença...
Como uma antena de radar aberta aos mundos distantes e ao Ser Divino (Allah), sabe alinhar-te com as correntes da terra e da humanidade, e sintonizar com o mais subtil e puro, e o teu coração (del) tornár-se-a um Jam-e-Jam, um cálice do mundo...
"Singularidade da lente" "Lens's singularity"....  Liberto das dispersões e imaginações, concentrado, torna-te mais consciente de que és um poliedro pentagonal, uma estrela (de cinco pontas) do céu na terra, ou um cristal florido da terra aspirando ao céu, e reflectirás serena e harmoniosamente o Divino, e serás um Seu amigo ou amiga, awliya...
Filme em três dimensões, e que graças as grelhas de fundo e aos sólidos em relevo, ou mesmo a uns óculos bipolares coloridos, e ao poema da Margarida, qual zikr ou mantra ecoando, permite uma entrada num mundo de profundidade e cosmicidade geométrica e numérica, rítmica e sagrada...
A fonte que jorra perenemente a água cristalina e fertilizante, no centro do centro Ismaili, transporta-nos para o jardim e  para o Paraíso, ergue-nos para a ligação com a Fonte Misericordiosa e Divina, refresca-nos a sede e aspiração de peregrinos e peregrinas e dá-nos a paz e as forças para avançarmos mais ligados à Divindade (Allah) e à Verdade (Al-Haq), fraternamente, na Beleza do Amor e Sabedoria, Poder e Misericórdia...

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Serra do Montejunto e os espíritos da Natureza. Plantio de carvalhos pelo núcleo lisboeta do Fapas.

Serra do Montejunto e suas cumiadas e espíritos da Natureza. Plantio de carvalhos pelo núcleo lisboeta do FAPAS (Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade), Domingo, 11-1-2015
                                           
Lisboa, praça do Saldanha. Aguardar pela boleia encostado a um jacarandá com os pés na terra e dialogando com ele é sempre bom e recomendável...
                                            
Já na Vila da Abrigada. Plátanos bem desenvolvidos e que sugerem ou revelam faces de espíritos da natureza...
                                         
Silvanos é um dos nomes dados aos espíritos dos bosques e campos e por vezes vemo-los a espreitarem-nos nas árvores...
                                        
Olhar arguto do silvano, hamadríade ou duende, que emerge da potencialidade etérica e astral do tronco do plátano..
                                   
Qual condomínio público de uma rua da Abrigada: roupas humanas ao vento e aos eflúvios purificadores, embora alguns pregos desnecessários nas árvores talvez não sejam muito agradáveis e devessem ser arrancados...
                                            
Campo mórfico bem interessante das árvores e dos ramos em crescimento sobre o muro, criando um corredor abrigado por onde se pode circular luminosamente... O voo dos ramos carregados de aspiração à luz...
                                    
Na viajem, rasto de avião ou cirrus cumulus, vindo como mensageiro destacado da frente que trará a chuva ou as neblinas brevemente....
                                 
Vales com configurações interessantes de correntes geomórficas ou desafios para os que sabem mais geomância ou de Feng Shui e dos movimentos do dragão...
                             
Da utilização diversa da potencialidade imensa dos solos e campos ou ainda das faldas ou encostas dardejadas por arvoredo espontâneo que brota do curso da água...
                                          
Já a subirmos a Serra de Montejunto, um maciço calcário extenso, estes pinheiros mansos surgem como vigias da serra numa das suas extremidades lembrando-nos da fragilidade dos eco-sistemas se não são devidamente cultivados pelos humanos, nomeadamente com os estrumes nos solos e os calendários dos planetas nos céus..
                                          
O grupo do FAPAS, com brotos bebés carvalhos para serem plantados, o que é sempre um enigma quanto aos resultados (por causa da água, dos roedores e dos influxos cósmicos), avança por uma das cristas da serra...
                                         
Cristas de calcário, segundo a agricultura biodinâmica de Rudolfo Steiner, ligado a Lua, Vénus e Mercúrio, e certamente com entidades que nos espreitam nos éteres subtis...
                                           
Alecrim aos montes em flor, uma ou outra abelha ainda resistente aos pesticidas das mortíferas companhias agroquímicas Monsanto, Bayer e Syngenta, verdadeiramente assassinas não só das abelhas como de muito mais. Ao longe, na sucessão das linhas de horizonte, uma aura luminosa, fabulosa.....
                                              
O rasto ou nuvem vai-se alargando nas formas características de farrapos...
                                            
Provavelmente habitado por uma hamadríade vigilante solitária da montanha, este pinheiro manso adaptou-se aos ventos e mantém ainda a sua copa verde da esperança, com as agulhas receptoras de energias solares e astrais, queixando-se contudo do pouco reflorestamento que o Estado faz, preferindo gastar o dinheiro em submarinos, helicópteros e estádios...
                                                         
Captadores e acumuladores de energias subtis, eixos do mundo, quem os vai tocar e dialogar, quem os consegue ouvir nas brisas, ventanias e radiações que osculam a serra e os seus seres?
                                                        
A descida para o vale que se abre aos nossos pés cria perspectivas e associações de imagens e sensações muito luminosas...
                                             
Qual oceano de cores diáfanas aberto aos nossos pés...
                                                     
As linhas sucessivas de planos espraiam-se em sucessivos horizontes proporcionando uma boa contemplação da dimensão imensa que a alma pode sentir e alcançar, saboreando um pouco da infinitude do espaço e talvez até do Espírito divino. Demos graças....
                                                       
Nossas almas podem meditar longamente e expandirem-se longinquamente neste local tão auspicioso de formas, encontros e horizontes quase infinitos...
                                                     
 O grupo de plantadores de carvalhos prossegue a sua caminhada para um dos quatro locais de plantação e esperemos que as respectivas dríades, os espíritos próprios dos carvalhos, os protejam de todo o vento, secura e bicho ruim, roedor...
                                           
Cruzamentos de energias, as faldas da serra calcárea atapetadas de vegetação rasteira, mas plena de éteres e abrindo-se para o azul ainda mais subtil da atmosfera...
                                         
O yoni ou um psico-geo-morfismo da feminilidade da terra fecunda e fértil...
                                        
Seres que avançam guiados na alma pelo amor à Natureza e à Beleza Divina...
                                               
Seres, entre o solo e o sol, recebendo e transmitindo, no dorso imenso de Gaia nossa...
                                       
Por entre estes arbustos e alecrins se escondem os javalis, os quais ajudam os plantadores do Fapas roçando e abrindo alguns buracos para os carvalhinhos...
                                            
Um perfeito enquadramento para a visão do observador que aspira a sentir as ressonâncias geomórficas, ou a erguer a sua alma em gratidão por tanta beleza
                                                 
Um carvalho a ser plantado, no meio de centenas de raízes ágeis dos arbustos e da erva, em volta... Que uma dríade abençoe o seu enraizamento, bem mais lento, e cresça feliz...
                                           
Cinco abnegados plantadores de carvalhos em acção...
                                           
Uma minhoca brota do solo fragrante, mostrando que ele está bem vivo, e é saudada e apresentada ao seu novo vizinho
                                           
  Outro carvalho, já com uma dríade em potencial ou que só a receberá se sobreviver aos primeiros anos? A sachola é a minha e não é de anões, gnomos ou duendes embora nos possamos interrogar se eles responderão aos nossos apelos a que protejam e cuidem bem destas árvores em embrião...
                                      
Alguns pinheiros mansos por perto segredam entre si ecos da música das esferas que a todos banha mas que eles quase que isolados e expostos constantemente às estrelas e ventos solares certamente acumulam e partilham ou ecoam mais...
                                           
Numa falha ou concavidade da serra, seres vivos, com braços que se estendem, e certamente espíritos da Natureza que aqui trabalham, se abrigam e fluem alegres...
                                          
Cristas calcárias da serra,  numa cumiada onde parece destacar-se a face de um deva ou anão da montanha...
                                              
Gigantes adormecidos, guardiões da montanha, e nós que pouco os vemos...
                                          
Nova movimentação do grupo das FAPAS rumo a outra zona de plantação...
                                    
Moleiro bem alinhado e marcando os trilhos, ao qual ajuntamos um quartzo do Gerês...
                                             
Ofertas trazidas por mim do Cabo Sardão e de Sagres...
                                                       
Concavidades talhadas pelas águas milenárias recebem os habitantes que lhes faltavam...
                                         
Abrigo pré-histórico, pedras cheias de memórias desejosas de quem as leia, acolha e ressoe...
                                              
João, Susana, Sérgio, Rui e Luís, junto ao abrigo; dialoga-se sobre as características e orientação da serra...
                                         
Pedras de antigas construções, quer seja uma torre de vigia ou um abrigo de serra, cheio de sugestões e desafios...
                                  
Observações dialogantes do grupo lisboeta das FAPAS...
                                                    
Nascida de uma fraga, esta variedade de azinheira ensina a arte de crescer com perseverança através das dificuldades
                                         
Linhas serpentinas na terra, por onde correm os riachos invernais e o poejo medra fragrantemente, atraindo insectos e abelhas..
                                     
Da sensibilidade e espírito de orientação dos caracóis sabe-se pouco...
                                         
Menos ainda da sua sensibilidade quando vão morrer e onde deixarão as suas espirais, ao sol...
                                          
Acampamento de base para a última plantação...
                                          
Campo de ensaios e o João quase pendurado ou endireitado pela árvore seca, já quase fóssil e totem...
                                                    
Ligações e ciclos subtis entre os reinos e seres: a árvore que já morreu e a que está a nascer pela mão do Homem...
                                                    
Pinheiros mansos cheios de astralidade por tanto pôr-do-sol, neve, neblinas e a abóbada do Cosmos constelado que sobre eles se vai derramando...
                                           
Nas montanhas, em dias limpos, é necessário de quando em quando resguardarmos os plexos da luz forte do Sol e tentarmos contemplar a árvore primordial arquétipa que subjaz e coroa as que avistamos...
                                          
Entre o solo e o sol este pinheiro manso sobreviveu, cresceu e na sua elegante e altaneira astralidade dá agora um sinal da Graça Divina e da benignidade da Luz e do Infinito em que nos movemos e temos o nosso Ser...
                                      
Tótens, esculpidos e escavados pelo vento, a chuva e os pica-paus, tendendo já à mineralização, e onde os espíritos da Natureza espreitam curiosos e divertidos os plantadores e amantes das árvores, da serra e da Natureza...
                                  
Espíritos da serra do Montejunto e das suas cumiadas...
                                       
Guardiões vigilantes, duendes ou devas...
                                      
Cores subtis, nas pestanas nossas ou da máquina, lembram-nos que vivemos mergulhado num universo quântico de múltiplas potencialidades que só esperam a nossa observação e determinação sábia para se actualizarem ou manifestarem..
                                    
O ciclo da morte e do renascimento prossegue sempre, verdejantemente: alguns arbustos mais crescidos e verdes tanto parecem estar em velada como terem nascido das energias etéricas e astrais do pinheiro...
                                             
Pelos pinhais de Leiria ou mesmo os barcos no Oceano das descobertas, suspirarão estes pinheiros no crepúsculo do Domingo?
                             
Para os amantes da geometria e dos números, das proporções e das transformações a Natureza é o grande Livro, pleno de ensinamentos e de energias.... Quantos anos viveu e quanto milhões de anos na transformação em fóssil mineral?
                                    
Os últimos clarões do sol tingindo a montanha de tonalidades ainda mais etéricas, intensificadas pela súbita neblina que começa a descer e a esfriar...
                                                           
Um peneirinha vem ver-nos, canta ao desafio e aceita os nossos cumprimentos sem fugir, sinal auspicioso numa serra bastante deserta em que poucas aves foram avistadas, além da águia ao longe...
                                           
Os binóculos do Luís permitem aproximações mais próximas das aves mas está ainda em questão (Rupert Sheldrake terá algo a dizer...) se a sensação de elas serem vistas, telepaticamente ou pelo nosso olhar de observador e quanticamente modificador, diminui ou não com o uso deles...
                                           
Cada crista de montanha é uma ardência ígnea da terra para o céu, um apelo à ligação Divina, uma manifestação da montanha primordial, Hukairya dos Persas, o Meru dos Indianos, o Himavat da Índia e Tibete, como tão bem explicaram ou partilharam bons mestres como Henry Corbin, Bô Yin Râ, Ananda Comaraswamy, entre outros...
                                        
Árvores, quase humanas, erguem-se rumo a mais Luz...
                                        
 Quais peregrinos vindo do Oceano ou do vale e ao alto, com esforço perseverante, se erguendo, já entre a luz se sentindo...
                                        
Fronteiras de mundos, auroras e crepúsculos são sempre bons momentos para sentir, fotografar, dialogar, meditar...
                                        
Já de carro, na estrada e na descida, os raios de sol doiram ainda os troncos dos pinheiros nas faldas de Montejunto...
                                         
Cinco mundos ou planos, na Índia denominados lokas ou koshas, ou os sete climas na espiritualidade Shiita, unem a terra humana e o Ser Divino, e as serras são locais especiais para nos fortificarmos imunitariamente e nos harmonizarmos subtilmente, e assim podermos com a Divindade, o Cosmos e a Fraternidade melhor comungar...
Saudemos, amemos e harmonizemos mais a serra do Montejunto e os seus seres, árvores e eco-sistemas...